sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A cidade das luzes que cegam


Para além dos muros, há uma cidade. Do alto, posso ver o horizonte iluminado por pequenas luzes como vaga-lumes imóveis que se doam sem saber. Os ruídos soam tão graves e distorcidos que me desvaneço nos meus pensamentos por alguns instantes. Há algo de tão belo na ansiedade que desejo ser inteira urgência e incerteza por mais tempo, mas os momentos são breves e eu sou tantas, que deixo escapar por entre os dedos a estreiteza e me percebo transbordar para além dos meus limites.

Ao longe, seus olhos de turmalina negra se movem inquietos e eu me sinto toda feita de marfim e pétalas de rosa. Seu corpo estruturado recostado à beira da escuridão e eu, à beira da falta de ar. Quis lhe dizer que há uma força intensa na entrega, que perder-se é uma aventura desmedida, mas essa é uma informação sigilosa que só o tempo pode contar. Me calo, me movo, me preencho e me coloco a sua frente. Me satisfaz o seu toque breve, seu sorriso extenso, seu aroma lilás. Eu me exponho e me descontrolo porque perder o controle é um ato fugaz e estimulante e me cansa ser completamente límpida e moderada. Quis desprender os seus gestos, desatar as suas frases e no entanto você é indissolúvel e tem tudo o que lhe pertence ter. A manhã se arremessa sobre a noite com velocidade e você não parece ter pressa. Será que haverá tempo suficiente para viver o inadiável?

Juliana Varaschin

Um comentário:

Anônimo disse...

JULIANA CHERIE

FANTASTIQUE BRAVOOOOOOOO J´AI AIMÉ BEAUCOUP !!! devine mon nom rsssssss bisou