quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Caroline



Quantos segredos contem Caroline? Seu olhar profundo, as rugas na testa, que não diminuem a sua beleza, lhe conferem um ar de sedutor mistério. Seus olhos grandes captam todos os movimentos do cosmos, mas sua boca pequena geralmente cala. Seu corpo miúdo, quase franzino, abriga um oceano de histórias que poucos ousariam imaginar. Por baixo desses véus, existe um coração que não lhe pertence. Quantos amores cabem em Caroline? Certa vez, de tanto amar, resgatou o amor no coração do descrente. Outra vez, amou tão loucamente que semeou o amor no coração daquele que se iniciava nessa arte.

Certamente, Caroline era especial. Nem era pela sua doçura e encantamento, mas era especial por ser tão intensa. Do seu ventre, brotava fogo. Pela sua pele, exalava desejo. Ela era assim, ardente e carnal, etérea e delicada. Era única e muitas. Tinha a liberdade de um pássaro, o vigor e a exuberância de um felino selvagem. Amava com o corpo e com a alma. Uma vez, Caroline amou demasiadamente, amou desesperadamente a ponto de perder-se de si mesma. Mas ela não desistiu, pois tem a inocência de uma criança. Ela nunca desiste porque sabe que seus sussurros indecifráveis serão ouvidos no mais recôndito canto do universo.

No corpo pequeno de Caroline, mora um coração que não lhe pertence e que mal lhe cabe no peito. Esse coração bate descompassado, acelerado, mas não importa. Caroline tem pressa de amar.

Juju Varaschin

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