
Entardeço em mim. Vejo o sol dar lugar à lua ainda criança. Quanta pretensão a nossa, meu bem, querermos viver no mesmo universo, se nem mesmo o sol e a lua conseguem existir sob o mesmo céu. Mas não te preocupe, eu também não me aflijo. Ainda podemos nos deitar sobre a mesma cama e recostar nossas cabeças no travesseiro da aceitação mútua. Se tu ficares esta noite, prometo te contar um segredo, pois eu sou o ruído e tu és o silêncio.
Anoiteço em mim. Fecho as janelas e as cortinas. Prefiro o escuro para me despir de mim mesma. Tire as tuas roupas também, livre-te da tua pele, carne e ossos. Não quero o frio, o cru, o orgânico; quero o quente, o inominável. Misture teus sentimentos e emoções com os meus, a fim de aproveitarmos a impecabilidade deste momento. Sei que somos as margens opostas de um rio, mas sempre há um lugar onde elas se encontram e nada mais as separa. Fique mais um pouco, meu bem, porque quando a lua for embora para dar espaço ao sol, quero amanhecer em nós.
Juju Varaschin
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