
(baseado em fatos reais)
Ela foi se despindo aos poucos. O par de olhos castanhos que a fitavam se desviaram por um instante para vislumbrar a nudez que ali se anunciava. A pele branca, agora inteiramente revelada, falava a ele como uma poesia recitada ao pé do ouvido. O aroma suave daquele corpo exposto invadia todos os aposentos da casa e o embriagava. Branca, branca, toda branca,
Aproximam-se. O contato visual é perdido com o tocar dos lábios. Aquele desejo era quase desamparo. Devorava aos dois, fazia com que eles queimassem em sua própria chama. Era o que nutria e, ao mesmo tempo, não matava a fome. Era do que eles se alimentavam e o que se alimentava deles.
Isso foi o que ele pensou, nos breves instantes antes de encostar a sua boca naquela pele branca. Os lábios mornos do beijo recém dado prenunciavam o que estava por vir. O seu desejo era um simples desdobramento da necessidade de partir.
As cortinas da casa balançam suavemente e o vento a arrepiou. Ele encostou o seu torso despido nela. O calor dos corpos unidos trouxe um estranho consolo aos dois. Eles escolheram a entrega; entrega ao encontro e à eles mesmos. Aquilo era quase amor.
É chegada a hora da separação. Ela se levanta, despe-se de sua branqueza e mais uma vez a esconde por baixo do vestido azul. Azul como seus olhos, ele pensa. Caminham até a porta e se despedem com um beijo e um olhar. Só que dessa vez o olhar foi mais longo. Sem dúvida aquele momento foi quase amor.
Clarissa Simas
Um comentário:
Nossa!!!!! Lindo
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