Gosto de acordar no meio da noite só para saber da tua presença ao meu lado. Ver o teu contorno escuro em oposição às paredes claras, o perfil do teu rosto, teus lábios que se unem ao teu nariz de linhas retas, formando um contorno de proporções perfeitas. Ah, meu bem, como eu adoro o teu rosto, teus olhos, teus cílios, lamber os cantos dos teus lábios que se abrem num sorriso para eu tocar os teus dentes.
Amo todos os teus pedaços. Na madrugada, gosto de traçar o teu perímetro com a ponta dos dedos: teus braços, teu peito, teu ventre. Desenho-te devagarzinho e quase te toco. Se tu percebes meus movimentos, tu acordas do teu sono bom e resmungas algumas palavras que eu não entendo muito bem. Eu acaricio teus cabelos docemente e te digo ‘dorme, meu bem, está tudo bem’.
E está mesmo, porque é bom despertar para admirar os teus pedaços. Toco os teus pés com os meus, teus pés finos, estreitos recebem os meus, que muitas vezes estão frios. Assim, posso voltar a fechar os meus olhos porque novamente sinto teu calor e tua presença. Ainda guardo a imagem do teu corpo, o sabor dos teus lábios e dentes, meu coração se aquieta feliz. Tu, inteiro, te aproximas de mim, me envolves, eu me aninho nos teus braços e me entrego.
São destas pequenas felicidades que eu te falo. Alguns dizem que elas não existem, outros dizem que elas só existem diante dos meus olhos, mas nós dois sabemos que é preciso treinar os nossos olhos para poder vê-las. Contigo, eu as vejo sempre.
Juliana Varaschin
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